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O impacto das TICs nas estruturas organizacionais:
evidência da área de saúde no Japão
publicado em
28.04.2008
A saúde é uma das áreas mais
importantes da vida humana. Em termos dos investimentos em saúde, estamos
vivenciando momentos delicados, já que grande parte das nações está
ampliando de modo significativo seu dispêndio neste setor. Alguns números
sobre gastos com saúde, como proporção do PIB de quatro países, entre 1970
e 2004, colhidos do blog do Prof. Paul Krugman, da Princeton University,
EUA, dão conta disto: |
Próxima
edição:
A
Transformação das Redes de Negócios: A Próxima Oportunidade para a TI
brilhar
publicada em
05.05.2008
"Está
claro que as redes de negócios são agora a fonte primária para nova
diferenciação". Esta foi a mensagem do CEO- Chief Executive Officer da SAP
(de origem alemã, é uma das maiores empresas do mundo em vendas de
software para negócios), Henning...
Edição
anterior:
Analítica: o novo diferencial à disposição dos CIOs
publicada em
21.04.2008
As
empresas (mais nos países desenvolvidos, e menos em países em
desenvolvimento) vinham usando inteligência dos negócios para aplicações
específicas, mas estas iniciativas eram muito limitadas para afetar a
performance corporativa. Agora, as empresas líderes estão baseando suas...
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Quando se observa a tendência, o
drama é ainda maior! Segundo dados de janeiro de 2007 do Office of the
Assistant Secretary for Planning and Evaluation (do Centers for Medicare &
Medicaid Services), sobre os gastos do sistema de saúde dos Estados
Unidos, esta nação deverá estar investindo em saúde cerca de 20% do seu
PIB no ano de 2015.
Uma das ferramentas que vêm sendo tentadas para minorar o impacto negativo
desta tendência é o uso das tecnologias de informação e comunicação- TICs.
Elas vêm sendo utilizadas de três modos: a) como artefatos, para diagnose
e tratamento; b) como agentes farmacêuticos, para prevenção e tratamento,
e c) como ferramentas de informação e comunicação, para coordenação,
análise e disseminação de informação preventiva da saúde.
Neste terceiro modo existem vários exemplos. Um dos que vêm ganhando
grande evidência é o da introdução de electronic medical records -
EMR, ou electronic healthcare records - EHR,
que aqui no Brasil é conhecido como Prontuário Eletrônico do Paciente -
PEP. O PEP é uma forma proposta para unir todos os diferentes tipos de
dados produzidos em variados formatos pra um indivíduo, em épocas
diferentes, feitos por diferentes profissionais da equipe de saúde em
distintos locais. Assim, deve ser entendido como sendo a estrutura
eletrônica para manutenção de informação sobre o estado de saúde e o
cuidado recebido por um indivíduo durante todo seu tempo de vida.
Enquanto no Brasil estamos na infância na utilização dos PEPs, ainda
tentando superar barreiras culturais, tecnológicas (de padronização,
compatibilidade, e inter-operabilidade de sistemas), e de custos, nos
países desenvolvidos os PEPs já são uma realidade e já apresentam
evidências tanto de fracasso como de êxito.
Um interessante caso foi recentemente reportado por pesquisadores da Kyoto
Sangyo University, em Tóquio, no Japão. Segundo os pesquisadores
Seung-Hwan Ku e Ryoichi Kubo, apesar recomendações positivas e do subsídio
governamental para a introdução dos PEPs, o sistema de PEPs encontrou
barreiras na sua disseminação. Muitos dos hospitais que introduziram este
sistema falharam no objetivo de conseguir melhorias palpáveis. Alguns, no
entanto, conquistaram ganhos de melhorias na eficiência e serviços de
saúde de mais alta qualidade.
O caso que os pesquisadores analisaram foi o do Otawa Hospital (o
maior de Kyoto, com 698 leitos), pertencente ao Rakuwakai Health System, e
o estudo focou no processo de introdução do sistema PEP, procurando
analisar os fatores por trás do sucesso e seus efeitos. Para tanto, eles
se valeram da Resources-Based View (Visão Baseada nos Recursos). A
RBV vem sendo utilizada para considerar as tecnologias de informação- TI e
os vários componentes da organização. A RBV atribui o hiato entre a
performance das empresas à diferença entre seus recursos e suas
capacidades.
Os pesquisadores utilizaram o Modelo de Valor de Negócios ao Nível da
Empresa de N. Melville e parceiros. Melville produziu um modelo
simples de RBV e ofereceu uma estrutura analítica com respeito às
habilidades de TI e à performance organizacional (Figura 1). De acordo com
o modelo, “recursos relacionados a TI”, compreendendo tecnologia e
recursos humanos, interagem com “recursos organizacionais auxiliares”
(recursos não-TI, estrutura organizacional, política da organização,
rotinas, cultura, etc.) para afetar processos reais de negócios ou a
performance organizacional.
Os resultados encontrados pelos pesquisadores da Kyoto University foram os
seguintes. Dado que os hospitais receberam subsídios para cobrir os custos
da introdução do sistema de PEPs, eles não observaram restrições
financeiras como um problema fundamental. Nenhum hiato amplo de hardware
para PEPs também foi visto entre os hospitais. O estudo do Otawa Hospital
os levou a concluir que as capacidades organizacionais para utilizar o
sistema de PEPs foram o fator chave no sucesso da introdução do sistema
PEP.
Moral da história: as tecnologias de informação e comunicação- TICs são
poderosas ferramentas para aumento da produtividade do trabalho, para a
redução dos custos e do tempo necessário para produção de determinados
processos. Mas se não forem observados cuidados com o impacto dos recursos
não-TICs, boas idéias como os PEPs podem ficar nos sonhos dos
acadêmicos e dos bens intencionados!
Se sua empresa, organização ou instituição deseja aprofundar seu
conhecimento sobre o Modelo de Valor de Negócios ao Nível da Empresa,
fique a vontade para nos contatar.

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