O IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada é uma fundação pública federal (criada em 1964) vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil que desenvolve atividades de pesquisa em suporte técnico e institucional às ações do governo federal para a formulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento. É o “think tank” do governo federal, e seus trabalhos são disponibilizados para a sociedade por meio de publicações, seminários e um programa semanal de rádio e TV (ver http://www.ipea.gov.br).

Um de seus livros mais recentes, intitulado Tecnologias da Informação e Comunicação: Competição, Políticas e Tendências”, foi organizado e publicado neste ano por Luis Claudio Kubota, Rodrigo Abdalla Filgueiras de Sousa, Marcio Wohlers de Almeida, e Fernanda De Negri. O livro, segundo a apresentação da Presidenta Interina Vanessa Petrelli Corrêa (que antecedeu ao atual Presidente, o Prof. Marcelo Neri), pretende ir além da tradicional contribuição do IPEA na avaliação e na formulação de políticas públicas deste setor, buscando apontar tendências que o afetarão e terão reflexos em inúmeras outras atividades econômicas.

O livro é uma coletânea de artigos ordenados em 09 (nove) capítulos, dos quais o Capítulo 1, cujo título é o próprio título do livro, tem como autores, Luis Claudio Kubota e Rofrigo Abdalla Filgueiras de Sousa, que dão o “tom” do mesmo. O artigo/capítulo é subdividido em 4 (quatro) seções. Na Introdução (seção 1), os autores apontam o objetivo do capítulo, que é o de apresentar um panorama: i) do cenário internacional de equipamentos de rede, inclusive dos principais fornecedores líderes de equipamentos de redes de telecomunicações (seção 2); ii) do cenário nacional (seção 3), incluindo análise da produção científica e da demanda por pessoal técnico-científico; e, finalmente, as conclusões e referências (seção 4).

Os autores deste capítulo iniciam sua análise a partir de algumas constatações. Para eles o setor de TICs apresenta características ambíguas no Brasil. “Por um lado, possui indicadores de inovação e de esforço tecnológico mais elevados que a média do setor industrial. Por outro lado, o setor apresenta duas fraquezas estruturais que têm relação entre si. Em primeiro lugar, existe uma forte dependência da importação de componentes eletrônicos, que tem importância crescente no valor agregado dos produtos. Em segundo lugar, as firmas brasileiras em geral não participam da determinação dos novos padrões tecnológicos, que são feitos por meio de alianças entre grandes corporações internacionais – em alguns casos com participação governamental”.

Depois de fazerem um breve panorama do cenário internacional, os autores iniciam a análise do contexto nacional partindo de outra constatação: a de que uma das características do mercado brasileiro de TICs é a de que “o mesmo é – salvo exceções – seguidor”. Ou seja, nosso mercado apenas segue as tendências da fronteira tecnológica, e de negócios, mundial. Daí por diante, os autores passam a fazer um resumo do conteúdo de cada um dos 8 (oito) outros artigos que compõem o livro.

Na seção final, os autores chegam às seguintes conclusões: “O resultado dos estudos apresenta uma situação pouco favorável para o ecossistema de TICs no Brasil. Além de problemas de infraestrutura, tratadas em trabalhos anteriores do Ipea, o quadro retratado neste livro mostra que a produção científica é pouco expressiva. As empresas – salvo raras exceções – são pouco competitivas e têm participação muito reduzida na definição dos novos desenvolvimentos; o mercado é seguidor de tecnologias desenvolvidas no exterior; e as firmas industriais e de serviços não são fortes demandantes de pessoal técnico-científico. Esta situação aponta paraa reformulação de políticas que ficaram ultrapassadas – como a Lei de Informática.”

 

Eis aí um livro interessante, com artigos informativos, produzidos por competentes autores que fazem um diagnóstico consistente da atual realidade do setor de TICs no Brasil, razão pela qual recomendamos fortemente sua leitura. No entanto, este diagnóstico (aprofundado e qualificado ao longo do livro) já é bem conhecido pelos profissionais de TICs do país (pelo menos para aqueles mais veteranos no mercado).

A questão central, por sua vez, é (apoiando-nos no velho ditado popular): “como sair da problemática e ir para a solucionática”? Neste sentido, seria oportuno que o IPEA pudesse iniciar estudos e pesquisas que contribuíssem para como superar os atuais gargalos enfrentados pelo setor. Um dos caminhos seria a do exame dos determinantes das trajetórias de sucesso das indústrias de TICs do mundo, marcadamente a de países como os EUA, e o que fazer para que, pelo menos, possamos acompanhar tais trajetórias.

A título de exemplo, um caminho traçado pela editoria desta newslettertem sido o de avaliar tais trajetórias. Na newsletter de 17/06/2012, apresentamos o conceito de Trindade Essencial como um que tenta dar conta da estrutura e dinâmica econômicas de indústrias de TICs, como as do Vale do Silício, nos EUA. Desta forma, um conjunto inicial de questões que poderia contar com o apoio de instituições de pesquisa como o IPEA seria: a) o que faz com que ecossistemas de empresas e organizações de uma determinada indústria passem a desenvolver plataformas globais de produtos, processos e serviços tecnológicos?;b) como tais ecossistemas se estruturam a partir de sólidas arquiteturas empresariais, ou de negócios? (para um tratamento do conceito de arquitetura empresarial em economia e administração, ver:http://bit.ly/SixQKT); e, finalmente, c) como políticas públicas podem contribuir para acelerar a formação de Trindades Essenciais no nosso país?

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre a indústria de TICs, fique a vontade para nos contatar!