A ubiquidade da Internet oferece aos indivíduos e organizações novas oportunidades para acesso a conhecimento, criatividade e poder inovador de usuários e comunidade de usuários que são frequentemente referidos como “crowds” (multidões). De acordo com o Journal of Business Economics, o fenômeno do “crowdsourcing” (crowd, de multidão, e sourcing, de práticas de contratação, tais como as de procurement, ou seja, compras, licitações, etc.) se refere à capitalização do potencial de grandes e abertos grupos de pessoas via Internet. 

O termo crowdsourcing, cunhado pela primeira vez em um artigo na revista Wired por Jeff Howe (*), e tema do seu livro (**), é derivado do termo outsourcing (o movimento de processos empresariais de uma empresa para outra). O site de Howe oferece a seguinte definição, circunscrevendo-a à reposição de papéis que seriam de outra forma preenchidos por trabalhadores regulares:

Crowdsourcing é o ato de pegar um trabalho tradicionalmente desempenhado por um agente designado (usualmente um empregado) e terceirizá-lo para um indefinido, e geralmente grande grupo de pessoas na forma de uma chamada aberta” (***)

Enfoques de crowdsourcing são aplicados em um amplo leque de contextos tais como inteligência coletiva, inovação aberta, solução de problemas, computação humana, conteúdo gerado pelo usuário, design criativo, engajamento social, agregação de conhecimento, e previsão de mercados, além de outros.

Cloudsourcing se refere à terceirização de soluções computadorizadas completas (cloud computing) que dão suporte a uma organização ou partes dela para uma cloud (nuvem) pública ou privada. Fornecedores de cloudsourcing ofertam soluções como aplicações da cloud, plataformas da cloud, e infraestruturas técnicas da cloud. Eles possibilitam que negócios ganhem acesso a pessoas e processos de negócios com expertise especializada, filosofias diversas de negócios, e capacidades únicas- sem estender suas infraestruturas. Ao invés de gastar valiosos recursos para desenvolver expertise in-house ao longo do tempo, especialistas capacitados e práticas são disponibilizados sob demanda para endereçar importantes desafios de negócios.

Apesar de aparentemente representarem conceitos apartados, estes dois “modelos de negócios” vêm conquistando adesão em escala mundial por poderem ser tratados tanto separadamente como combinadamente. Cloudcomputing é um canal de entrega de novas aplicações (tipo SaaS- Software as a Service), plataformas, e infraestruturas, e os aspectos que se relacionam com a utilização de talentos altamente especializados e expertise da crowd são facilitados pela cloud. Crowdsourcing e cloudsourcing possibilitam que organizações minimizem tempo para completar projetos, e maximizam acesso aos mais inteligentes talentos do globo.

Estes dois novos modelos de negócios estão possibilitando o que pode ser efetivamente ser denominado por verdadeiros “Online Labor Markets- OLMs (Mercados de Trabalho Online)”. Nos anos 90 a emergência da Internet condicionou a que alguns pesquisadores estudassem o surgimento dos mercados de trabalho online. No entanto, somente na década passada (marcadamente com o florescimento dos modelos de crowdsourcing e cloudsourcing) é que se pode testemunhar a efetiva emergência de um número expressivo de verdadeiros mercados de trabalho globais online.

De acordo com John J. Horton os OLMs recaem em duas categorias: “spot” e “contest”. Nenhum mercado de trabalho é verdadeiramente “spot” no sentido de uma mercadoria qualquer no mercado, mas certos acordos de compra/venda característicos de OLMs acontecem à preços acordados por certas durações de tempo. Exemplos de spot markets incluem oDEsk, Elance, iFreelance e Guru. Trabalhadores criam perfis online e compradores colocam jobs (empregos/trabalhos) e esperam por trabalhadores se inscreverem, ou ativamente solicitam aplicantes.

Nos contestmarkets compradores propõem competições por bens informacionais tais como logos (ex: 99Designs e CrowdSPRING), soluções para problemas de engenharia (ex: Innocentive) e pesquisa jurídica (ex: Article One Partners). Trabalhadores criam suas próprias versões do bem e o comprador seleciona um vencedor a partir de um grupo de competidores. Em alguns mercados o comprador deve concordar em selecionar (e pagar) um vencedor antes que ele possa se inscrever numa competição; em outros mercados de alto valor onde a solução deve ser improvável, o comprador não está obrigado a selecionar um vencedor.

Certamente estes novos modelos de negócios ainda darão muito o que falar; de qualquer forma, eles representam uma perspectiva econômica que apresenta enormes desafios tanto acadêmicos quanto práticos!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre crowdsourcing, cloudsourcing e online labor markets, fique a vontade para nos contatar!

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(*)Howe, Jeff. The Rise of Crowdsourcing.Wired. Jun’06.

(**) Howe, Jeff. Crowdsourcing: Why the Power of the Crowd is Driving the Future of Business. Crown (2008).

(***)Howe, Jeff. Crowdsourcing: A Definition http://crowdsourcing.typepad.com