Na newsletter de 18-08-2014 tratamos da queda, ao longo dos últimos 30 anos, do número de startups emergindo nos EUA. Naquela oportunidade ainda não tínhamos registro das causas desta diminuição do empreendedorismo americano. No entanto, em estudo recente, publicado pelo Brookings Economic Studies Bulletin (dos EUA), e intitulado “What`s Driving the Decline in the Firm Formation Rate? A Partial Explanation”, produzido por Ian Hathaway e Robert E. Litan, algumas das causas deste intrigante fenômeno são apontadas.
Ao analisarem a variação nas taxas de surgimento de startups nas áreas metropolitanas dos EUA durante um período de três décadas, os autores observaram dois proeminentes vetores que explicam o padrão cruzado deste fenômeno. A diminuição do crescimento populacional nas regiões Oeste, Sudoeste e Sudeste desde os anos 1980s parece ser um primeiro maior fator. As taxas de formação de empresas foram as mais altas nestas regiões no final dos anos 1970s, quando os dados começaram, e parecem ter sido impulsionadas pela expansão do crescimento populacional na década precedente. Quando a taxa de crescimento populacional nestas regiões começou a declinar, as taxas de formação de empresas também caíram.
Um segundo maior fator é a consolidação dos negócios – uma medida da atividade econômica ocorrendo em negócios com mais de um estabelecimento (ou seja, compra ou fusão de empresas). Em pesquisa anterior, os autores documentaram um aumento espalhado na consolidação de negócios ao longo de geografias e setores durante as últimas poucas décadas. No estudo aqui tratado, os autores foram capazes de associar esta consolidação com o declínio na formação de empresas – especialmente depois de incluir os efeitos fixos do tempo e da região.
Eles consideram que a relação entre esta medida e a formação de empresas é difícil de ser feita – e, como eles destacam, um número de fatores não observados poderia afetar simultaneamente, ou a causalidade poderia parcialmente caminhar na outra direção. Ainda assim, eles estão seguros que este achado é robusto, e encorajam outros pesquisadores a avançar no trabalho deles.
Segundo os autores, alguns levantaram a hipótese do possível elo entre as participações no declínio da população daquilo que eles chamam de prime-entrepreneurship age (ou seja, em empreendedorismo na faixa de idade entre 35 e 44 anos) e a queda nas taxas de formação de empresas, mas a análise dos autores sobre esta relação levou a conclusões mais ambíguas.
Os autores não analisaram diretamente o impacto de políticas públicas – tais como regulação e impostos. Apesar destes fatores desempenharem um provável papel, limitações empíricas e metodológicas impediram os autores de incluí-las no estudo. Mesmo assim os autores puderam explicar uma porção substantiva do declínio e variação na taxa de formação de empresas ao longo das regiões metropolitanas sem o uso delas.
Estes achados representam importantes evidências para as atuais estratégias em curso no Brasil, particularmente aquelas voltadas para o estímulo à formação de startups como caminhos para o retorno ao crescimento econômico no país. Particularmente, esta newsletter considera que além das startups, a atenção dos especialistas (e policy-makers) também deveria estar voltada para as chamadas empresas de “alto potencial de crescimento”, ou “gazelas”.
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