Na newsletter da semana passada apresentamos um trabalho que deu um enorme empurrão mundial no conceito de “transformação digital”. Ao final daquela newsletter comentamos que sentimos falta do tratamento da questão da “cultura” nos processos de transformação digital, mas que os protagonistas do citado trabalho haviam reparado essa falha em 2017.
Nos trabalhos intitulados “The Digital Culture Challenge: Closing the Employee-Leadership Gap”, e no “Digital Transformation Review, 10th Edition”, publicados em 2017, a Capgemni Consulting, enfrenta o desafio da questão cultural nos processos de transformação digital em curso. No primeiro trabalho, logo de partida a Capgemini destaca que a cultura pode ser uma barreira ou um catalisador para a transformação digital.
No texto são apresentadas duas citações de dois profissionais: 1) Ian Rogers, Chief Digital Officer - CDO da LVMH – “O grande momento para uma organização é quando seus membros abraçam o fato de que transformação digital não é uma questão técnica, mas uma mudança cultural”; 2) O CDO de uma companhia global de produtos ao consumidor diz: “Mudança cultural é um pré-requisito de transformação digital”.
Infelizmente, como destaca o trabalho, este é um pré-requisito que está além da compreensão de muitas companhias, quando elas optam por guiar inovação e mudança através de dados e tecnologias inteligentes. Para a maioria, questões culturais continuam a bloquear transformação digital e é um problema que está piorando. Em 2011, a maioria dos respondentes (55%) disse que cultura era o obstáculo número 1 para transformação digital, mas na mais recente pesquisa da Capgemini, esse número na realidade aumentou para 62%, como pode ser visto na Figura 1 à frente.
Para entender porque as organizações estão lutando e o que elas podem fazer a respeito, a Capgemini desenvolveu um programa de pesquisa sobre uma definição clara de cultura digital. Foram pesquisadas 1.700 pessoas – incluindo não somente executivos seniors, mas também gestores e empregados – em 340 organizações em oito países e cinco setores. Foram também entrevistados executivos seniors de negócios de um leque de organizações entre indústrias, bem como especialistas acadêmicos.
Para a Capgemini cultura corporativa é o resultado de como uma companhia trabalha e opera. Ela é composta das experiências de empregados; o que eles acreditam e o que eles valoram. Liderança, propósito, e como o trabalho pode implementar uma visão também desempenham um papel em descrever uma cultura corporativa. Baseando-se nas pesquisas com o MIT, e no que a Capgemini considera ser uma organização digital, a empresa definiu cultura digital como um conjunto de sete atributos chave (ver Figura 2 à frente).
Os atributos da cultura digital são:
● Inovação: a prevalência de comportamentos que dão suporte à tomada de risco, pensamento disruptivo, e a exploração de novas ideias;
● Tomada de decisão guiada por dados: o uso de dados e de analítica para tomar melhores decisões de negócios;
● Colaboração: a criação de times cruzados funcionalmente, inter-departamentais para otimizar as habilidades da empresa;
● Cultura aberta: a extensão de parcerias com redes externas tais como vendedores terceiros, startups ou consumidores;
● Mentalidade “Digital First” (Digital Primeiro): uma mentalidade onde soluções digitais são o padrão para frente;
● Agilidade e flexibilidade: a velocidade e dinamismo da tomada de decisão e a habilidade da organização se adaptar a mudanças em demandas e tecnologias;
● Centralidade no consumidor: o uso de soluções digitais para expandir a base de consumidores, transformar a experiência do consumidor e a co-criação de novos produtos.
A partir destes atributos, a Capgemini fez uma série de observações a respeito da conduta das empresas entrevistadas, tais como a desconexão entre o que a liderança enxerga e o que os empregados enxergam na cultura corporativa, o que as organizações estão deixando a desejar, o que destaca as empresas líderes, e como evoluir a cultura digital. Os resultados impressionam!
A partir destes trabalhos da Capgemini, nós da Creativante reiteramos que o nosso modelo “Innovation Competing Values Framework- ICVF”, apresentado na newsletter de 01/11/2015, tem muito a dizer nesta discussão sobre cultura digital e transformação digital, e não deixa a desejar diante do modelo da Capgemini aqui tratado. Esperemos que o leitor faça a sua devida análise, e perceba quais as ferramentas mais adequadas à sua jornada de transformação digital.
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre transformação digital, fique a vontade para nos contatar!