A questão da expansão da esfera (ou dimensão) digital da economia e da sociedade já vem sendo discutida há algum tempo. Mas um termo que vem conquistando significado econômico mais relevante é aquele denominado “digital transformation”, ou “transformação digital”.
Vários especialistas têm se preocupado em definir o que o termo digital transformation significa e como aplicá-lo na prática. Um documento que deu um bom empurrão na fama do termo foi aquele intitulado “Digital Transformation: A Road Map for Billion-Dollar Organizations”, desenvolvido pela empresa Capgemini Consulting em parceria com o MIT Center for Digital Business, publicado em 2011.
Neste trabalho três figuras chamaram nossa atenção. A Figura 1 à frente mostra o que os autores denominaram de “building blocks of the digital transformation”, ou seja, os “pilares da transformação digital”. Esta newsletter considera que tal figura traduz um primeiro conceito de transformação digital, que aqui discorremos (e passamos a usar profissionalmente) como sendo “o aproveitamento das novas tecnologias digitais para transformar a experiência de uso dos usuários, seus processos operacionais, e seus modelos de negócios”.
A segunda figura do trabalho (Figura 2 à frente) apresenta o que os autores consideram ser um conjunto comum de elementos para uma transformação digital de sucesso. Cada elemento é um alavancador que os executivos podem usar para iniciar e guiar transformação digital em suas organizações. Os líderes diagnosticam o valor potencial dos ativos corporativos existentes e constroem uma visão para o futuro. Daí, eles investem em habilidades e iniciativas para tornar a visão em realidade. Fundamental para a transformação são efetivas comunicação e governança para assegurar que a empresa está se movendo na direção correta.
Estes elementos trabalham juntos em um enfoque interativo – constantemente comunicando e ouvindo para re-considerar uma visão e implementar novos tipos de transformação digital. Os executivos seniors guiam a transformação digital através de um processo interativo de três fases: 1) Re-visualizar o futuro digital para sua empresa; 2) Investir em iniciativas digitais e habilidades; 3) Liderar a mudança a partir do topo.
A terceira figura do trabalho (Figura 3 à frente) representa o que os autores chamam de “matriz de maturidade digital”, em função duas dimensões: a gestão da intensidade digital e da intensidade da gestão da transformação. Nela são apresentados quatro diferentes tipos de enfoques para guiar a transformação digital. As empresas no quadrante inferior esquerdo são as “iniciantes”. Elas estão fazendo muito pouco com capacidades avançadas digitais, apesar possuírem capacidades digitais tradicionais, tais como ERP, internet ou e-mail.
As empresas no quadrante superior esquerdo são as “modistas digitais”. Elas implementaram uma grande quantidade de coisas consideradas “sexy digital”. Alguns desses itens podem criar valor, mas alguns não. As empresas na parte inferior direita são as “conservadoras digitais”. Elas representam os homens e mulheres “experientes” do mundo digital. Eles entendem a necessidade de uma visão unificada forte, de uma governança e de atividades de engajamento para assegurar gestão prudente de investimento. No entanto, eles são tipicamente céticos do valor de novas tendências, algumas vezes em seu próprio detrimento.
As empresas no topo direito são as chamadas “digirati”. Essas empresas entendem verdadeiramente como guiar valor a partir da transformação digital. Eles combinam uma forte visão compartilhada para a transformação, governança compartilhada e engajamento, e suficiente investimento em novas oportunidades. Através de gerir o “como” cuidadosamente, eles desenvolvem uma cultura digital que pode visualizar mudanças e implementá-las inteligentemente. Através da gestão do “que” suficientemente, eles avançam continuamente a vantagem competitiva que derivam por implementar a transformação digital.
Este trabalho da Capgemini Consulting e do MIT Center for Digital Business resultou num livro intitulado “Leading Digital: Turning Technology Into Business Business Transformation”, cujos autores são George Westerman, Didier Bonnet, e Andrew McAffe, publicado pela Harvard Business Review em 2014.
Um aspecto que sentimos falta, tanto na abordagem do trabalho de 2011 quanto no livro de 2014, foi o tratamento das questões culturais associadas às transformações digitais. No entanto, após investigação mais aprofundada, constatamos que os autores passaram a tratar tais questões em trabalhos conduzidos na segunda metade de 2017. Mas este é um tema para tratarmos em outra newsletter.
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre transformação digital, fique a vontade para nos contatar!