Em anos recentes o mercado de criptomoedas atravessou uma enorme transformação, evoluindo de um ambiente de poucos entusiastas para um ecossistema financeiro global de significativa importância (1). Esta evolução tem sido guiada por avanços tecnológicos e inovações, com tanto centralized exchanges - CEX (casas/companhias de câmbio centralizadas) quanto decentralized exchanges - DEXs (casas/companhias de câmbio descentralizadas) emergindo como fatores críticos na conformação da trajetória do mercado (2).
Mas quais são as principais diferenças das exchanges de cripto ativos, ou cryptocurrencies (centralizadas e descentralizadas) para aquelas exchanges de stocks, ou stock exchanges (ações e ativos tradicionais)? Há várias características que podem ser facilmente identificadas. De um ponto de vista histórico, as CEXs estabeleceram um arcabouço inicial para o trade/comércio de criptomoedas em oposição àquele tradicional de moedas fiat (Dólar, Real etc.). Enquanto essas plataformas CEXs desempenharam um papel crucial na inserção de mercado, elas demonstraram vulnerabilidades em termos de segurança, aspectos regulatórios, e limitações operacionais.
O conceito de DEX emergiu, então, como uma resposta às inerentes limitações da CEX. O principal princípio por trás da DEX foi criar plataformas confiáveis, peer-to-peer (P2P) que pudessem dar aos usuários controle sobre suas chaves privadas e ativos. No entanto, a viabilidade substantiva da DEX só surgiu a partir da funcionalidade dos smart contracts (contratos inteligentes) originados pelo protocolo/plataforma do Ethereum. A Uniswap, uma DEX baseada em Ethereum, emergiu como um dos projetos de maior sucesso neste domínio, divergindo do então existente e evolvente modelo AMM (automated market-making) (2).
Este ecossistema de cryptocurrency exchanges tem expandido de forma considerável, ao ponto de que categorizar e diferenciar as complexidades representadas por estes protocolos tem se tornado uma tarefa pouco trivial. As CEXs têm sido definidas como governadas por uma companhia ou uma organização, enquanto as DEXs provêm processo automatizados para trades peer-to-peer (2).
No entanto, há várias DEXs usando seus tokens de governança para tomar decisões relacionadas ao protocolo, e, neste sentido, agem como uma decentralized autonomous organization – DAO (organização autonomamente descentralizada) que pode ser categorizada como CEX. Adicionalmente, há também algumas CEXs, como a Binance, que ofertam trades P2P para seus usuários, os quais podem ser automatizados usando bots API e, portanto, podem trabalhar como DEXs dependendo da interpretação do processo automatizado na definição acima descrita (2).
Mas qual é o papel econômico-financeiro das crypto exchanges? Como recentemente apontado pelo CoinMarketCap (3), enquanto as crypto exchanges lutam para prover seus usuários com listagens de qualidade, que contribuam para o desempenho de preço de longo-prazo, há um papel mais amplo que elas desempenham no ecossistema de ativos digitais, a saber:
- Incrementar liquidez através do trabalho com múltiplos formadores de mercado para tornar mais fácil para os usuários comprarem e venderem criptomoedas rapidamente a preços justos;
- Servir como um gateway para permitir aos usuários converterem moedas fiat em cripto e vice-versa. Isto significa ser apto a usar cartões de crédito e de débito, ou usar o mercado P2P para converter moedas fiat em criptomoedas, depois de completarem as checagens de identidade relevantes;
- Melhorar a acessibilidade para o usuário não nativo em cripto ao oferecer interfaces amigáveis.
E as diferenças das crypto exchanges para as stock exchanges tradicionais? Enquanto é uma norma amplamente aceita em mercados de finanças tradicionais (TradFi) que stock exchanges focam em formação de capital e não garantem desempenho positivo para qualquer Initial Public Offerings (IPOs), as crypto exchanges operam em uma paisagem diferente, uma que é mais próxima da comunidade e mais antenada com as vozes e expectativas. É claro que a comunidade cripto cuida profundamente sobre desempenho de tokens. Dadas essas nuances, é evidente que várias crypto exchanges sustentam rigorosos padrões de listagens para assegurar que somente projetos de qualidade são introduzidos para o mercado (3).
Quando se compara o desempenho de novas criptomoedas listadas em crypto exchanges com IPOs em stock exchanges tradicionais, torna-se claro que crypto exchanges têm superado suas contrapartes no TradFi. No entanto, é importante considerar as limitações desta comparação, a qual se apoia nas diferenças em funções, ambiente, e tipos de mercados. Enquanto a dinâmica única e o comportamento dos investidores no interior do mercado cripto desempenha um papel significativo, os altos padrões e compromissos com a qualidade da listagem de projetos por crypto exchanges são também contribuidores chave para seus desempenhos superiores (3).
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre exchanges de stocks (ações) e de cripto, centralizadas ou descentralizadas, não hesite em nos contatar!
- Bouria, Elie, Syed Jawad Hussain Shahzadb, David Roubaud (2019). Co-explosivity in the cryptocurrency market. Finance Research Letters, Volume 29, June, Pages 178-183.
- Hägele, Sascha (2024). Centralized exchanges vs. decentralized exchanges in cryptocurrency markets: A systematic literature review. Electronic Markets, 34:33.
- https://coinmarketcap.com/academy/article/examining-token-listings-on-cexes