Se existe uma inovação que vem despertando muita atenção de indivíduos, policy makers, governos e corporações, ela se chama Bitcoin, uma criptomoeda descentralizada e de código aberto; ou seja, um dinheiro eletrônico para transações financeiras ponto a ponto (sem intermediários) que veio ao mundo em 2008 a partir de um artigo intitulado “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System”.
Muito se tem falado e escrito acerca desta moeda digital, que no âmbito financeiro internacional tem sido comparada ao ouro, e tem sido enquadrada em alguns termos: ativo especulativo (bem material), dinheiro commodity (mercadoria), unidade de conta, e tem se estabelecido mais como uma reserva de valor, tendo ultrapassado a casa dos US$ 100 mil.
Neste sentido, algo que tem despertado a curiosidade e a atenção mundial é para onde caminha o preço do Bitcoin, uma vez que sua oferta é fixa (21 milhões de unidades) pela sua natureza tecnológica, e a demanda não para de crescer, o que concorre (ao contrário das moedas fiat, tais como o dólar e o real) para a elevação do seu preço. Apesar desta característica singular, a moeda Bitcoin é sujeita a muitas flutuações (ver Figura 1 à frente), o que tem limitado, de certa forma, uma adoção mais ampla como ativo financeiro estável.
Sendo assim, uma questão sempre presente nas análises técnicas, ou de valorações, é a seguinte: quais são os determinantes das movimentações no preço do Bitcoin (BTC)? A metodologia que trazemos para esta newsletter é aquela que foi desenvolvida pelo economista Michael Howell, autor do livro “Capital Wars: The Rise of Global Liquidity” (Guerras do Capital: O Surgimento da Liquidez Global), que resenhamos na newsletter em 31/07/2023.
Em função do sucesso de sua abordagem, bem como pelo fato constatado por Howell de que o Bitcoin vem sendo crescentemente conformado pela Liquidez Global, e não somente pela dinâmica do dólar dos EUA, o economista vem apontando para o seguinte argumento. Os arcabouços tradicionais de valoração que se apoiam somente no BTCUSD falham em capturar as forças entre moedas que guiam a sensitividade macro do BTC. À medida que o BTC amadurece mais como uma reserva de valor internacional, seu preço é crescentemente influenciado por mudanças na liquidez entre as maiores moedas fiat, e não dos movimentos de política monetária nos EUA.
Por esta razão Howell criou o Global Liquidity Bitcoin Basket (GLI-BB™), um novo benchmark (parte da família de índices GLI™, da empresa do Howell) que avalia Bitcoin contra uma cesta de liquidez ponderada de grandes moedas. Ele mostra porque pesos fixos ou enfoques baseados em PIB (Produto Interno Bruto) falham, e porque uma ponderação de liquidez é essencial para entender o papel crescente do Bitcoin no sistema financeiro global.
Em resumo, de acordo com Howell:
- GLI-BB™ rastreia os guias macro verdadeiros do Bitcoin. Ele reflete as condições mutantes de liquidez ao longo das grandes moedas, ao contrário dos métodos baseados em PIB;
- BTCUSD (BTC medido em dólar) deixa de apontar para a paisagem geral. O GLI-BB™ isola os efeitos do contexto das moedas fiat, especialmente à medida que a volatilidade do Bitcoin declina;
- GLI-BB™ importará mais ao longo do tempo. À medida que o Bitcoin ancora as condições macro, este benchmark se torna essencial para investidores forward-looking (com expectativas para o futuro).
Para aqueles interessados em mais detalhe sobre o Global Liquidity Bitcoin Basket (GLI-BB™), sugerimos uma visita ao site https://capitalwars.substack.com/p/global-liquidity-bitcoin-basket-gli. Na próxima newsletter indicaremos uma abordagem nova que o Howell está estabelecendo para o seu GLI-BB™ a partir das análises de ciclos do economista Lars Von Thienen.
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre as movimentações do preço do Bitcoin, não hesite em nos contatar!
Figura 1 – Preço do Bitcoin (em dólar americano) (desde 2012)

Fonte: https://br.tradingview.com/chart/w4siuqdM/?symbol=BITSTAMP%3ABTCUSD